Dizem que os vinhos refletem o perfil, muitas vezes até psicológico, de quem os faz. Eu acho que isso pode ser uma grande verdade e a Bodegas Ariano Hermanos é um bom exemplo disso.
Quem comanda a bodega é a terceira geração da família e quem está a cargo dos vinhos é o Daniel Vlah, um enólogo conhecido por todos por lá e um cara super boa gente, daqueles que sentam para degustar os vinhos mas querem mesmo é bater um bom papo.
Daniel fala bastante, conta muita história (das boas, daquelas que você quer ficar ouvindo) e é um cara que conhece bem a vitivinicultura do Uruguai, afinal de contas está há mais de 40 anos trabalhando nos vinhedos. Segundo ele, “quanto menos se mexe no vinho, melhor”.
O resultado é um vinho também simpático, agradável, fácil de beber e que pede o próximo gole. Mais ou menos como o papo com o enólogo. 🙂
A Ariano fica em Las Piedras, uns 20km distante da capital Montevidéu. Ainda não dá para visitar (a não ser que você mande um e-mail e insista um pouco), mas me disseram que em breve vão apostar no turismo enológico. Assim que isso acontecer, certamente vale a pena incluir a Ariano no roteiro e torcer para conseguir um tempinho com o enólogo.
Veja abaixo as minhas impressões sobre alguns vinhos que provei por lá.
Chardonnay 2015
Esse não passa por barrica, o que faz com que ele fique bem leve e fresco. O mais legal dele é o final, que deixa um sabor muito agradável na boca e não enjoa.
Merlot 2012
Enquanto a maioria está vendendo a safra 2014, eles ainda estão usando a 2012, pois preferem guardar o vinho por mais tempo até que ele fique realmente pronto. Com isso ele ganha toques mais evoluídos no nariz e na boca, lembrando uma boa geléia de frutas da vovó. Os taninos também são bem macios, então você não vai sentir nada “raspando” a sua boca.
Tannat-Merlot 2013
Esse vinho já tem um toque mais herbáceo no nariz, lembrando um pouco folhas. Somado ao aroma de frutas frescas, parece um belo de um pomar. Está pronto para beber. Se tiver algum em casa, abra logo.
Dos Adelio Ariano Tannat-Syrah 2010
Esse vinho passa um tempo em barricas – 1 ano – mas não espere encontrar aqueles aromas de carvalho, porque não tem. Isso é o resultado de um bom trabalho, que fez com que a madeira viesse só para arredondar o vinho. Para beber com uma boa carne.
Don Adelio Tannat 2010
Vinho clássico da casa que tem os aromas e sabores de um bom Tannat, passando desde a fruta até um toque mais rústico, mas sem incomodar. Esse, sem dúvida, precisa de um bom acompanhamento, que pode ser desde um churrasco até uma carne ensopada.
Tannat-Syrah-Merlot (vinho experimental)
Esse ainda está em fase de testes e deve ir ao mercado em breve. Eu gostei porque ele junta todas as características do Tannat-Merlot que eu provei e um toque levemente apimentado. O resultado é um vinho ainda mais complexo.
Don Nelson Tannat 2010
Vinho estruturado, encorpado e que pode até ser decantado umas horas antes de beber, para que possa abrir todos os aromas.
Quatro Gatos
Esse é um vinho produzido especialmente para o criador da Casa Pueblo, o artista Carlos Paez Villaró. Um dia ele ligou na vinícola e disse que tinha dois tipos de companheiros no silêncio: os gatos e o vinho da Ariano. Pensando nisso, fizeram esse vinho, que leva sempre um desenho do artista. Os gatos – Norte, Sul, Leste e Oeste – estão sempre presentes.
Esse é um vinho que além de muito bem feito, vale a pena ter a garrafa (depois de aberta) na sua adega como decoração.
Os vinhos da Ariano são importados no Brasil pela Santar, pela Galeria dos Vinhos e pelo Supermercado Zaffari.
Um abraço
Daniel Perches
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