Por dentro da Champagne Barnaut

Estive na região de Champagne em fevereiro/2014. Foram dois dias intensos e eu fechei o terceiro dia na Edmond Barnaut, que fica em Bouzy.

Já vou contar sobre os champagnes, mas antes vale a pena contar algumas coisas que me chamaram a atenção ao conversar com o Philippe Secondé, enólogo e proprietário da casa. Esse cara foi sem dúvida um dos mais apaixonados pelo que faz que eu vi (e olha que paixão pelo vinho é algo muito comum em Champagne). Como ele mesmo disse, ele teve o privilégio de nascer e ter terras em Bouzy, que é um dos poucos Grand Crus de Champagne tanto para Chardonnay quanto para Pinot Noir. E o que isso significa na prática? Significa que ele pode fazer um Grand Cru misturando essas duas castas, só com uvas dele e da mesma região. Ainda não entendeu? Simples: ele tem um champagne de altíssima qualidade, controlado por ele e com um excelente apelo de vendas.

É, Monsieur Philippe é realmente um cara de sorte. Mas ele não faz só champagne, pois como disse, ele é daqueles caras que amam muito o que fazem e por esses privilégios de terreno, ele pode fazer até o Rouge de Bouzy, um vinho tinto em uma das raríssimas apelações de vinhos tranquilos dentro de Champagne.

É, amigos. Champagne tem vinho tinto (e rosé também, vamos ver já) e até destilado.

A visita à Barnaut é bem bacana, principalmente quando se vai às caves. Elas são parecidas com todas as outras da região, mas algo diferente é o “problema com água” que ele tem por lá. No inverno a água sobe até quase encher a cave inteira. Antigamente ele tinha que esperar a água baixar para poder entrar, mas agora está reformando para resolver isso.

É possível visitar e depois, ao lado, tem uma loja dele que tem todos os champagnes, o vinho tinto e o rosé que ele faz e mais um monte de coisas bacanas, como souvenirs e até comidas da região.

Apesar de ser fora do circuito “Reims-Epernay”, a Barnaut é uma que vale a visita.

Veja abaixo os que eu provei, com destaque para o Blanc de Noirs, que foi um dos que eu provei, desse tipo de champagne (Pinot Noir vinificado em branco) mais bacanas até hoje.

Edmond Barnaut 2007
Único com Pinot Meunier. Muito clássico e elegante. Para beber sem erro.

Barnaut Grand Cru 2004
Excelente qualidade, mas ainda estava jovem. Não adiciona Meunier então os dele demoram mais para ficar no ponto.

Barnaut Classic
2/3 Pinot, 1/3 de Chardonnay. Foi o primeiro a ser produzido e é assim até hoje. Clássico de Champagne com boa elegância.

Grand Cru Non Dosage
Usa 30% de Chardonnay “fresco”. Não é muito agressivo, ficando bem fácil de beber e muito interessante, principalmente para acompanhar comidas.

Grand Cru Blanc de Noir
O melhor. Muito elegante, expressa a fruta. Se for escolher só uma garrafa deste produtor, vá com esse.

Barnaut Rosé Autenthique
Feito com maceração. No final ele adiciona vinho para recuperar a acidez (10% Chardonnay). Diferente e peculiar. Vale a pena conhecer (não vem para o Brasil)

Cuvee Douceur Séc
Fez para o nascimento do filho. Leve e não muito doce. Vai bem com Foies Gras.

Bouzy Rouge 2004
Tinto feito com Pinot Noir. Esse é muito legal e eu queria trazer uma caixa para casa (não deu, mas eu volto e compro). Se passar na loja dele, compre! Custa só 21 euros.

Um abraço

Daniel Perches


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