Hoje eu acordei pensando num tema que vem me incomodando há algum tempo e que é assunto frequente em degustações, MasterClass, confrarias e qualquer rodinha de pessoas em torno do vinho, que é o “parece mas não é”. Você vai entender perfeitamente o que eu quero dizer, pois certamente vai se lembrar de alguém falando para você que esse vinho “parece um Borgonha”, ou “Parece até um Brunello” e até “parece Champagne”.
Lembram do Denorex? Estão querendo fazer isso com o vinho
O cara pega um vinho feito com Pinot Noir lá no Chile, que tem seu microclima, terroir e todas essas coisas que vivemos falando que são únicas em cada ponto do mundo e faz o vinho. Aí ele, por algum motivo (e pode ser vontade do enólogo), sai com um pouco menos de cor. Aí o que falamos? “parece até um Borgonha”.
Meus caros, vinho do Chile é do Chile, com suas características. Vinho da França, da Borgonha ou de qualquer outra região, é único também. Não dá para copiar, imitar, mascarar ou qualquer outra coisa. É a velha máxima de “comparar bananas com maçãs”.
A última que eu ouvi foi que um cava, que aliás era excelente, era “tipo Champagne”. Não saí da mesa por educação, mas sinceramente, Cava é produzido na Espanha (na Cataluña), com um clima bem diferente da região de Champagne. Só porque tem uns aromas de fermento no espumante, não quer dizer que parece Champagne. Se você vê assim, acho que precisa se aprofundar um pouco. Falamos sempre que o vinho é para ser descomplicado e eu acredito nisso, mas há bastante a ser descoberto, caso queira entender mais a fundo e tecnicamente.
Você decide se quer pensar no vinho de forma mais ampla e técnica ou quer só apreciar. Só não caia nas armadilhas dos Denorex.
Um abraço
Daniel Perches
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