Já aconteceu com você de ter um vinho que ia provar e acabou colocando ele na adega e “esqueceu”? (e entenda as aspas como uma força de expressão, porque quem tem adega sabe que a gente não esquece nada. Simplesmente colocamos lá e deixamos por um tempo, mas sabemos tudo o que temos).
Pois é, isso aconteceu comigo com esse vinho, que veio em uma das seleções mensais da Winelands, o clube de vinhos que eu assino. Chegaram as 4 garrafas, eu provavelmente provei 3 e esse tinto ficou. e não aparecia a oportunidade de prová-lo, até que em uma segunda-feira, ao me preparar para cozinhar – sim, porque eu cozinho com o maior prazer, mas preciso ter um vinho acompanhando – eu resolvi abri-lo. E logo me veio aquela sensação de que deveria ter aberto antes.
Não porque o vinho tinha passado do ponto, mas porque ele é tão interessante que valia a pena já ter provado ele, inclusive com alguns amigos que sei que curtiriam isso.
Feito com as uvas Cabernet Sauvignon (70%) e Graciano (30%) pelo Dominio de Punctum na Espanha, ele é um vinho orgânico e biodinâmico. Isso significa que foi produzido sem agrotóxicos e respeitando as datas de calendários lunares para podas, colheitas, etc. Diversos produtores adotam essas técnicas como forma de produzir algo mais puro, menos “maquiado”.
Mas independente da forma como é feito, o fato é que o vinho é muito bem feito. A sua passagem por barrica por seis meses traz alguns aromas mais adocicados como baunilha e um toque de especiarias. Na boca é potente, forte e com bastante acidez, mas sem aquele toque “verde” que se pode encontrar geralmente em vinhos orgânicos.
Como falei, eu não estava preparado para ele. Achei (não sei porque) que seria algo mais leve. Não é, é encorpado, mas elegante ao mesmo tempo. Merece uma boa carne grelhada ou até assada na churrasqueira, ou tomates asssados, por exemplo. Eu não tinha nada disso e já que a harmonização não estava mais em pauta, bebi o vinho sozinho e foi muito bem, obrigado! 🙂
Um abraço
Daniel Perches
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