Provar vinhos de safras antigas é fazer uma viagem no tempo. Infelizmente não são frequentes as oportunidades, mas sempre que provo, fico maravilhado de ver (e sentir) como o vinho pode resistir e ficar tão bom ao longo do tempo.
E é exatamente o que aconteceu com o Terrantez 1977, da vinícola Cossart Gordon, que fica na Ilha da Madeira, em Portugal. Os vinhos de lá são relativamente parecidos com os vinhos do Porto, principalmente os fortificados. Esse é feito com a uva Terrantez, que tem uma grafia parecida com a Torrontés. Eu procurei informações para saber se tinha algum parentesco com essa uva que conhecemos hoje, mas não achei nada.
O vinho mostrou-se com uma cor âmbar, aromas muito adocicados, toques de tâmara, mel, leve cítrico e um toque de barrica velha.
Na boca o vinho é esplendoroso. Muito corpo, quase licoroso. O álcool aparece como aparece em qualquer vinho da madeira fortificado, mas ele logo é superado pelos sabores adocicados. O final dele é muito, mas muito longo. É daqueles vinhos para se beber com muita calma, apreciando cada momento. Para os fans de harmonização, o ideal é que se acompanhe de uma boa sobremesa, talvez à base de amêndoas e creme branco, mas eu sinceramente aproveitaria esse vinho sem nenhum acompanhamento. Acho que ele ficou lá esperando esse tempo todo e merece essa atenção especial.
Pra mim, que nasci em 1978, foi muito legal provar o vinho. Quando eu nasci, ele já estava fermentado e estava começando a sua longa vida até o dia de ser bebido, 34 anos depois.
Se quiser comprar essa raridade, você deve ir à Decanter. Ele custa 540 reais.
Um abraço
Daniel Perches
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