Dobradinha combina com vinho?

Com essa dúvida “cruel” que nos reunimos para mais uma edição da confraria Taninos no Tucupí, que é liderada pela nossa querida Cris Couto. A idéia é harmonizar vinhos com comidas tipicamente brasileiras. Já teve pato no tucupí (daí inclusive saiu o nome da confraria), tacacá e outras iguarias. A reunião sempre acontece no Restaurante Tordesilhas, que é referêcia em gastronomia brasileira. Pelas mãos da Chef Mara passam os melhores pratos brasileiros (na minha opinião) e ela faz tudo com muito carinho.

E com esse intuito nos reunimos para provar a tal da dobradinha. Prato originário de Portugal, que por lá tem o nome de “Tripas a moda do Porto”, foi bastante copiado aqui e muita gente até acha que é brasileiro.

A receita utilizada foi a original, de Portugal e se assemelha muito ao cassoulet, com feijão branco, costelas suínas e linguiças defumadas, além claro, da dobradinha.

Bem, se alguém ainda tem algum preconceito com a dobradinha, precisa ir lá no Tordesilhas e provar a deles. Infelizmente esse prato não está no cardápio regular, mas garanto que se você ligar lá e falar com o Ivo ele dá um jeito e faz uma especial. Eu adorei e tive que voltar com outros amigos para provar novamente.

E para harmonizar nós tivemos todos os tipos de vinhos (todos degustados às cegas): de brancos a tintos, passando até por um vinho verde tinto (feito com a uva Vinhão) e depois de muitas provas e tentativas, o que mais se destacou com a comida foi o Vale da Mina 2008, da região do Alentejo, Portugal. É um vinho que custa abaixo dos 50 reais e que bateu, pelo menos nessa harmonização, grandes vinhos como rieslings, Brunellos de Montalcino, vinhos italianos e outros.

É, meus amigos, é por isso que aquela frase, por mais batida que seja, é sempre válida: vinho bom é o vinho que você gosta.

Mas vou contar o segredo para que vocês possam fazer a harmonização também. A idéia do confrade Everaldo Santos (um experiente Sommelier, que está hoje no comando da pizzaria Veridiana) foi de ter um vinho que tivesse bons taninos e também tivesse uma boa acidez para poder segurar a força do prato. Mesmo que o prato parecesse “branco”, seus ingredientes, com toda a gordura, pediam taninos e acidez alta para poder se alinhar.

Fica a dica então e a recomendação: se puder, prove a dobradinha do Tordesilhas. Tenho certeza que não vai se arrepender.

Um abraço

Daniel Perches


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