Mais uma viagem inesquecível pelo sul do Brasil

Estive mais uma vez no sul do Brasil, mais especificamente nas regiões produtoras de vinho de Bento Gonçalves, Vale dos Vinhedos e Pinto Bandeira.

Dessa vez a minha visita foi a convite do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), uma entidade que, como o próprio nome já diz, busca a promoção e divulgação do vinho brasileiro.

A viagem que durou 5 dias teve seu ponto máximo na 18ª Avaliação Nacional de Vinhos 2010, que aconteceu no dia 25/09. O evento foi memorável, não só pela sua organização impecável, mas também pela quantidade de pessoas (750 degustadores, ao mesmo tempo) e claro, pelo clima de alegria e bom humor, que imperou durante todo o tempo.

Visitei diversas vinícolas que eu já conhecia e foi um prazer reencontrar os amigos, mas também tive a oportunidade de conhecer algumas que eu queria há tempos, como a Cave Geisse, a Viapiana e a Monte Reale. Alguns vinhos foram excepcionais, outros nem tanto. Mas assim é o mundo do vinho. Vivemos em constante evolução. Algumas realmente precisam melhorar, mas o que me chamou a atenção foi que NENHUMA, em nenhum momento, disse que seu vinho já estava no ponto que queria e não queria melhorar.

A safra 2010 está longe de ser uma das melhores que já tivemos. Já sabíamos disso, pois choveu bastante quando não deveria chover. Mesmo assim, das 16 amostras provadas na Avaliação Nacional de Vinhos, a grande maioria tinha uma excelente qualidade. Estamos caminhando para uma melhora significativa na produção dos vinhos por aqui, não tenho dúvida. A nossa vocação, na minha opinião, continua sendo para a produção de espumantes. Os vinhos aqui tem um alto teor de acidez, que é necessário para que se faça (bem) esse tipo de vinho. Por outro lado, acidez demais em tintos pode ser perigosa para a sua qualidade e vi que alguns ainda não estão “domando” essa acidez como deveriam.

Já nos brancos, gostaria de ver mais Sauvignon Blanc por aqui. Vejo muito Chardonnay. Nos espumantes, vai muito bem, mas nos tranqüilos deixa a desejar ainda. Os fortificados ou de sobremesa ainda não se apresentaram como deveriam. Talvez pelo pequeno mercado.

Mas a verdade é que ainda produzimos muito vinho de mesa. O mercado consome, precisa! Conversei com o pessoal do Ibravin e eles confirmaram. 80% da produção ainda vai para os vinhos de mesa. O mercado consumidor ainda está muito incipiente e carente.

Mas de uma forma geral, fiquei muito contente com o que vi. Sempre volto muito animado.

E se eu tiver que apostar em alguma casta para o futuro, eu digo que pra tinta é a Cabernet Franc e para a branca é a Chenin Blanc. Só o tempo dirá se estou certo.

Um abraço

Daniel Perches


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