Publiquei recentemente aqui um post sobre a harmonização de feijoada com vinho. Muitos comentaram, por escrito ou falado, e eu me animei pra fazer um tira-teima.
E já que a feijoada é um prato típico brasileiro, decidimos que nesse dia seriam só vinhos brasileiros. Bem tupiniquim mesmo. Só faltou o brochinho com a bandeira do Brasil espetado na lapela dos confrades.
Prato e nacionalidade dos vinhos decididos, propus um “desafio” legal, pra tirar a dúvida dos mais céticos: a idéia era servir ao mesmo tempo o espumante e o vinho tinto junto com o prato. Assim a gente teria à disposição os dois tipos de vinho, pra testar garfada a garfada, gole a gole, o que seria melhor, pois conforme as regras de harmonização, o tipo mais recomendado para acompanhar a feijoada é o espumante. Alguns dizem que um bom tinto, como um Cabernet Sauvignon bem macio também é uma excelente companhia. Ficou a dúvida.
Mas vamos primeiro aos vinhos, pra depois partir para a conclusão.
Espumante Rondinée Brut Rosé – Esse espumante é feito pelo método Charmat, com as uvas Pinotage, Cabernet Franc e Merlot. Tem uma cor cereja intensa, com um bom perlage. Aromas adocicados de frutas vermelhas e de um leve tostado foram notados. Em boca, boa acidez e persistência média, mas de uma forma geral, o vinho é justo e de boa qualidade. Custa em torno de R$ 30,00.
Vinho tinto Salton Talento 2005 – Escolhemos um “ícone brasileiro”. Esse corte bordalês de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat é de uma qualidade ímpar. Aromas de frutas negras em compota, couro, um pouco de especiarias como cravo surgiam da taça a cada vez que era levado ao nariz. O vinho evoluiu bastante depois de 30 minutos, deixando-o ainda mais saboroso. Taninos muito suaves e final longo completaram a ótima sensação, deixando aquele gostinho de “quero mais”. Não há dúvidas de que é um dos melhores vinhos nacionais que temos hoje. Custa em torno de R$ 60,00
Bem, apresentados os vinhos, partimos para a degustação. Todos com suas taças e seus pratos a postos. Primeira garfada e o espumante foi pra boca. Segunda garfada e o acompanhante foi o Salton Talento. Cada um fez suas avaliações e continuamos a comer. Após alguns minutos (e várias garfadas e goles) a imagem da mesa falava por si e não era nem preciso comentar o que tínhamos preferido. A garrafa de espumante já estava quase acabando e a do nobre Talento ainda estava quase intacta. Ou seja, todos, sem exceção, preferiram o espumante (até a minha esposa, que não é muito fã).
Sendo assim, meus amigos, concluo a minha pesquisa sobre harmonização. Peço desculpas a qualquer ONG que possa surgir para reclamar, mas admito que utilizei as melhores cobaias humanas para a minha experiência. Mas fiquem tranqüilos que todos foram muito bem tratados, então não tem com o que se preocupar.
Ah, não poderia deixar de comentar aqui que a feijoada da nossa amiga Thais estava espetacular. Quando ela falou que seria uma feijoada “light” eu confesso que fiquei ressabiado, mas estava simplesmente divina, digna das melhores casas do ramo. Pra se comer de joelhos, sem dúvida!
Em breve, faremos uma experiência com bacalhau. Aguardem.
Abraços
Daniel Perches
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