Mais uma coluna publicada no Jornal Bleh!
Para ver a matéria original, clique aqui ou leia abaixo.
Vinho tem tudo isso de aroma mesmo?
Por Daniel Perches*
“Sinto aqui aromas de flores do campo, terra molhada, caixa de charuto, pedra de isqueiro e um toque final de petróleo”. Com certeza você já ouviu alguém falando dessa forma, usando algum desses termos, ou pelo menos tentando, ao provar um vinho, não é mesmo?
E você pode se perguntar: Existe tudo isso de aroma mesmo dentro de um vinho? Como esses aromas vão parar lá? São adicionados aromas na hora de fazer o vinho?
Vamos agora explicar o que acontece, mas em primeiro lugar, é importante contar que na produção do vinho, nenhum aroma é adicionado. É só a uva que faz tudo isso mesmo.
O que acontece é que as parreiras (a árvore que produz as uvas) são muito delicadas e durante o seu crescimento e desenvolvimento, elas absorvem as características organolépticas (cor, sabor, textura, brilho e odor) tanto do solo onde estão sendo cultivadas, quanto do ar que passa por lá. Além disso, alguns tipos de vinhos passam algum tempo guardados em barris de madeira (em geral, feitos de carvalho), que é tostada por dentro, para que possa agüentar a guarda do vinho por anos, sem inchar e estourar. Isso também traz alguns aromas para o vinho.
O que encontramos nos vinhos são compostos de características dos alimentos/produtos que fazemos referência. Ou seja, quando falamos que o vinho tem um aroma de goiaba, queremos dizer que o aroma do vinho lembra o aroma da goiaba. E por aí vai.
E não é difícil encontrar pessoas que ao sentir o aroma de um vinho relatem dezenas de referências e outra, ao lado, que só consiga sentir um ou dois aromas. Isso acontece simplesmente por conta de sua memória olfativa. Quem viveu, por exemplo, na roça, cercado de frutas, flores e animais o tempo todo, vai provavelmente conseguir identificar mais aromas do que outro, que só viveu na cidade grande e que, por exemplo, só tinha contato com flores esporadicamente.
Mas o mais importante é saber que tudo isso é treino. E para treinar, só é necessário que se preste atenção ao vinho que está sendo degustado e tentar lembrar-se das flores, frutas e até legumes que encontramos na natureza. Isso já é um ótimo treino inicial. Tem muito mais, mas pra começar, já tem bastante trabalho. Na próxima matéria falaremos um pouco mais sobre os aromas.
Que tal? Topa fazer um teste? Tenho certeza que você vai se surpreender com o que vai encontrar na sua taça.
Um brinde
*Daniel Perches é publicitário e escreve o site www.vinhosdecorte.com.br.
Deixe um comentário