O Chile é um país muito comprido. São mais de 4.300 quilômetros de norte a sul, mas bem estreito. Do Pacífico à outra ponta do país, são apenas 175 quilômetros em média.
Essa geografia torna-o também bastante pitoresco, pois é possível encontrar diferentes climas, geografias, fauna/flora e claro, tipos de vinhos.
O Chile é um dos raros países que não foram atacados pela filoxera, uma praga que assolou os principais vinhedos há algum tempo atrás, devastando campos de países inteiros. Essa praga não conseguiu chegar ao Chile por conta de suas barreiras naturais – Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. Isso fez com que os seus vinhedos se mantivessem intactos e é possível encontrar hoje vinhas com 80, 90 e até 100 de idade, em plena produção.
A produção de vinhos do Chile é regulamentada e dividida por “Vales”, porém não é raro encontrar produtores que cultivam (ou compram) uvas em diversos vales diferentes. O nome do vale que você encontrar na garrafa significa a região onde ele foi vinificado, mas pode conter uvas vindas de outros vales.
É permitido utilizar até 20% de uvas num corte e não declarar. Ou seja, pode ser que um vinho que apresente “Cabernet Sauvignon” em seu rótulo tenha também pequenas parcelas de Petit Verdot, Merlot, Syrah ou qualquer outra uva, desde que essa mescla não ultrapasse os 20%.
Cada vale tem a sua particularidade em relação a solo, clima, etc., fazendo com que tenha uma casta que se sobressaia em cada lugar. Em geral para os brancos, a Sauvignon Blanc desenvolve-se melhor e no caso dos tintos, a uva Cabernet Sauvignon tem se dado muito bem lá, a despeito da tão famosa Carmenère, sendo até mais plantada do que essa última.
Os vinhos do Chile são, em geral, bastante frutados e gastronômicos. Mesmo os vinhos das linhas mais básicas são feitos com esmero. O consumo de vinho no Chile é de aproximadamente 12 litros por pessoa por ano. É pouco se comparado à França (mais de 40 por ano), mas bastante se comparado ao Brasil (aqui nós consumimos em média 2 litros por pessoa). Sendo assim, a maior parte dos vinhos de lá é exportada. Algumas vinícolas como a Casa Silva, por exemplo, exportam quase toda a sua produção – no caso dessa vinícola, eles mandam pra outros países 96% do seu total e no Chile ficam só 4%.
As vinícolas, principalmente as maiores e mais famosas, são grandes, bonitas, bem conservadas e muitas são muito tecnológicas, como é o caso da Casa Lapostolle, que produz o tão famoso Clos Apalta.
País-modelo na América do Sul, o Chile representa grande parcela da importação de vinhos no Brasil. Seus vinhos são muito apreciados pelos brasileiros, que representam hoje a maioria absoluta de visitas nas vinícolas daquele país. Em algumas delas, somos responsáveis por mais de 80% de todos que passam por lá.
Com isso, dá pra termos uma idéia de como é o Chile em termos de produção de vinhos. Em breve voltamos para falar especificamente de alguns vales que foram visitado e claro, dos vinhos degustados por lá.
Um abraço
Daniel Perches
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