Ibravin apresenta mais notícias sobre o acordo para o aumento do consumo de vinho no Brasil


Ontem estive na coletiva de imprensa que o Ibravin promoveu para apresentar algumas ações que estão sendo feitas como fruto do acordo deles com as entidades de supermercadistas e importadores.

Se você está perdido na história, aí vai um resumo: no ano passado o Ibravin entrou com um pedido de Salvaguardas para o vinho brasileiro. A iniciativa foi amplamente criticada por todas as mídias e consumidores, afinal de contas, o que queremos no vinho é exatamente a diversidade.

Como o projeto não foi aprovado, o mesmo Ibravin, que pelo jeito vem colocando a mão na consciência e percebendo que eles não são os reis da cocada preta (e precisam ralar muito ainda para chegar lá), propôs um acordo com os supermercadistas e importadores. O tratado é relaticamente longo e o que interessa mesmo é que eles pretendem trabalhar de forma cooperada, fazendo juntos esforços para chegar na meta consumo de 2,5l per capita no país. Hoje esse número é 1,9l per capita. Se isso acontecer, ficaremos todos muito contentes e eu torço por isso.

A coletiva teve para mim pontos importantes a serem pensados, como por exemplo a campanha “No Verão, vá de vinho branco”, que está sendo veiculada em alguns supermercados (50, entre São Paulo e Rio Grande do Sul, segundo eles). Me parece uma bela iniciativa, mas ao serem questionados sobre estudos sobre o consumo e um planejamento de comunicação estruturado, todos os 4 representantes mostraram-se desconcertados e nenhuma resposta foi ao menos suficiente.

Minha conclusão: ainda gasta-se dinheiro (e a verba do Ibravin não é pequena, e boa parte vem do dinheiro público) sem pensar. Não consigo entender como não pararam para fazer um plano, como toda boa empresa faz. Ou, se não pudessem fazer isso, que contratassem alguma empresa ou até mesmo uma agência. Algo tem que ser feito para que esse dinheiro não vá embora em ações pequenas, isoladas e desconexas.

E tem mais: para quem não sabe, a Vai-Vai, escola de samba de São Paulo, é patrocinada pelo Ibravin e tem samba-enredo falando sobre vinhos do Brasil.

Pois bem, nem sei quanto gastaram, mas imagino que não é pouco. E aí me pergunto: o que o samba tem a ver com a ação nos supermercados? E depois parece que vem uma ação de Páscoa. Nesse meio tempo, ficamos sem nada.

Quem trabalha com comunicação (como eu), sabe que a constância é um fator importantíssimo para o sucesso da fixação de uma marca, ou principalmente, de um hábito, como querem transformar o vinho brasileiro.

Como disse, acho que o Ibravin acordou para o mundo e entendeu que não dá para fazer essas pataquadas como a salvaguarda, mas ainda sinto algo estranho no ar. Não sei se eu que vou em poucas coletivas de imprensa, mas essas do Ibravin são sempre tensas e o pessoal parece que está sempre se explicando.

Torço de verdade para que tudo mude. Quero voltar a acreditar no Ibravin e ter certeza que estão realmente trabalhando para melhorar o consumo de vinho no Brasil. Acho que estamos caminhando, mesmo que a passos bem pequenos (e alguns tropeços).

E quero deixar claro aqui minha posição: sou e sempre fui contra a salvaguarda, mas sou a favor dos vinhos brasileiros. Bebo, gosto e recomendo. Quem não conhece, está perdendo coisas muito boas.

Um abraço

Daniel Perches

 

Foto: Jane Prado


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